ElzyFiléco

 ... Não digo perdoar porque se compreendemos nada temos a perdoar. 

   A compreensão é uma coisa maravilhosa...

   Pensei na subida de uma serra e ao chegarmos lá em cima e olharmos os campos ao longe, lá embaixo no vale. Que maravilha!

   Olharmos de longe a torre de uma pequena igreja, vermos de ponto em ponto um fiozinho de fumaça indicando uma casa, aonde uma família vive, sonha e provavelmente, neste momento, o homem cuida da plantação que nós, de longe, vemos apenas como quadrados de cores diferentes, como uma grande colcha de retalhos, enquanto a mulher cuida das crianças, limpa a casa e faz a comida para esperar seu companheiro.

    Neste momento meu pensamento voou e pensei na alegria de ficar a noite no terraço do Filheco, na praia de Araranguá ouvindo o som que vem de baixo, da Tropicália. O som da música e a minha frente o mar. O mar grandioso, belo imponente e ao mesmo tempo suave, tranquilo até mesmo humilde e carinhoso ao beijar a areia da praia, branca e quente do sol do dia, pálida e fresca a luz do luar. 

    A felicidade que nos invade, nesses momentos, é tão grande, tão sublime como a de termos filhos. Esperarmos durante nove meses... Que alegria de os vermos crescer, de vermos suas mãozinhas, seus olhos, suas perninhas a descobrirem o mundo, a falarem, a crescerem e a se afastarem de nós mas são os nossos filhos e continuarão sendo por mais que cresçam, por mais que se afastem, serão sempre os nossos filhos maravilhosos, os nossos pequeninos que cresceram para o mundo, mas que para nós continuam as nossas crianças que nos buscam quando necessitam...

Curitiba, 16/10/1977