Silêncio, Solidão e Eu

Silêncio, Solidão e Eu

Silêncio, solidão...

Ziza

 

Fala comigo, silêncio!

Já que gritas tão alto,

dentro do meu quarto,

na minha solidão,

fala comigo, silêncio!

Tu que gritas nas paredes

e ressoas no teto,

que estremesses o chão

e me apavoras 

e dos meus olhos cansados,

correm as lágrimas

de tanto te ouvir

e minhas mãos doem

de tanto te tocarem, silêncio

e todo meu corpo freme,

espera, anseia pra que de repente

eu ouça a tua voz, silêncio!

Ou será a voz da solidão que espero?

Ou você dois são iguais? Ou um só?

Ou eu sou vocês?

Silêncio!

Solidão!

Eu!

Será que os temo?

Será que os amo?

Por favor , silêncio,

pelo amor de Deus, solidão,

falem comigo!

mesmo mentindo, mesmo sonhando,

digam que sou gente,

digam que sou algo que sente,

que chora, que vê não só silêncio

ou só solidão ou nós três juntas

formamos um todo ou um nada?

Silêncio!

Solidão!

Eu!

Tudo? Nada?

 

Curitiba , 19/08/1978